Sairé consegue reciclar 70% dos resíduos que recolhe

22 de maio de 2019

Localizada no Agreste, Sairé é referência no tratamento de resíduos sólidos

Localizada no Agreste, a cidade de Sairé destina, em média, 70% do seu lixo à reciclagem, sendo considerada de referência por especialistas no tratamento dos resíduos sólidos. E a coleta não é feita de forma seletiva. O município tem a sua própria Unidade de Triagem e Compostagem de Resíduos Sólidos (UTC) que recebe, em média, 12 toneladas/ dia. “O aterro é usado para o material que não se aproveita ou para aqueles que mesmo sendo recicláveis têm a venda inviável”, resume o secretário de Administração e Planejamento de Sairé, Wendes Oliveira.

Ainda são enterrados no local as embalagens de biscoito e macarrão, fralda descartável, bucha (de lavar prato), entre outros. “Em alguns lugares, já se está reaproveitando economicamente esses materiais, mas ainda não dá para fazer isso aqui”, afirma Wendes. A UTC de Sairé também enterrava isopor, mas não o faz mais, porque apareceu uma fábrica na região que passou a comprar esse rejeito.

Na UTC, atua uma cooperativa que emprega 22 trabalhadores que separam, manualmente, os vários tipos de resíduos: pneus, metais, vidros, plásticos, madeira, coco seco. Eles são vendidos a quem vai reciclar ou reutilizá-los. A UTC é simples, dividida em alguns galpões. Dentro da propriedade, o chão das estradas é de barro. No aterro sanitário é feita a drenagem do chorume e do gás gerado pelos resíduos. O material orgânico seca ao ar livre e se transforma em adubo usado nas próprias praças da prefeitura.

A unidade não tem fins lucrativos e reinveste tudo que consegue com as vendas dos recicláveis. “Achei melhor trabalhar aqui por causa do salário. Antes, trabalhava na agricultura, fazendo pasto e ganhava menos”, diz o funcionário da cooperativa João Paulo Vitor.

A UTC é administrada numa parceria entre a Prefeitura de Sairé e a cooperativa. A prefeitura ajuda com água, máquinas, manutenção das estradas, faz a coleta, bancando o combustível, seis funcionários e o caminhão. A semente da UTC de Sairé começou a ser gerada em 2007, quando o executivo Marcos Magalhães, ex-presidente da Philips, estava passando pelo acesso a Sairé e encontrou o lixão à beira da rodovia. “Ele procurou a prefeitura e perguntou: ‘vocês tem interesse em resolver esse problema (do lixão)?’ Aí o Instituto de Corresponsabilidade pela Educação (ICE) – liderado por Marcos Magalhães – identificou que a universidade de Viçosa, em Minas Gerais, tinha expertise nessa área. A universidade elaborou um projeto e o ICE conseguiu os recursos para a implantação”, lembra Wendes, que na época era secretário de Agricultura e Meio Ambiente de Sairé. Um dos executivos à frente do ICE é Marcos Magalhães.

A prefeitura cedeu um terreno e a universidade ajudou na implantação do projeto, o que incluiu até um estágio de Wendes no Japão, já que uma parte do projeto passou também a ser apoiado pela Agência de Cooperação Internacional daquele país (JICA). Essa última financiou a implantação do método Bambu, uma metodologia que tenta fortalecer as potencialidades locais para tornar os municípios do Nordeste mais saudáveis.

SAUDÁVEL

“O conceito de saudável trabalha os determinantes sociais da saúde. Fizemos várias oficinas com a população. E isso se reflete na qualidade de vida. Não tivemos um caso de microcefalia no município”, conclui Wendes, acrescentando que o tema é discutido nas escolas do município. A microcefalia está associada à zika, doença provocada pela picada do mosquito aedes aegypti.

Na área rural de Sairé há 20 lixeiras suspensas fixadas nas estradas de barro para o lixo não ficar no chão. Na urbana, que tem poucas ruas, foram instalados 15 conjuntos de coletores. A cidade só tem cerca de 10 mil habitantes.

 

Informações JC Online – Angela Fernanda Belfort


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